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FIGURINHAS DA COPA

Está cada ano mais difícil colecionar o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Foi a primeira vez em todas as edições da copa que estamos sendo obrigados a parcelar os pacotinhos em 10 vezes sem juros com a primeira só pra agosto.

O pior é você pagar R$ 4,00 num pacotinho com 5 figurinhas, e nele vir repetida um reserva da Tunisia que nem convocado vai ser.

Esses dias o presidente Bolsonaro foi entrevistado pelo William Bonner. O entrevistador perguntou um monte de coisa mas esqueceu de perguntar o mais importante, que é sobre o aumento de preço nas figurinhas da copa.

Semana passada vi um quase adolescente dizendo que já comprou o álbum pronto, sim, com TODAS as figurinhas já coladas. O desgraçado não se deu ao trabalho nem de colar. Eu juro que fico muito triste com essa geração imediatista. “Ah, mas sai bem mais barato”. Sim, mas qual a graça? A emoção é abrir o pacotinho e ficar feliz com uma que não tem, ficar puto com uma repetida, se equivocar colando um jogador errado porque a bandeira do país é parecida, sair desesperado pra trocar com qualquer desconhecido que encontrar na rua, etc.

Essa nova geração não sabe o que é sofrer. Na minha infância a gente colava as figurinhas com cola, e colar torto era um caminho sem volta. As paginas do álbum ficavam todas grudadas, não dava pra saber se era um álbum da copa ou uma revista playboy.

Tem também a criança mimada que não quer trocar porque acha que a figurinha brilhante vale mais que as outras. Aí a gente tem que agredi-la enquanto o pai não está olhando. A figurinha que deveria valer mais é a do goleiro Alisson, que é lindo (me disseram).

Trocar figurinha é demais. Tem uns locais que reúnem crianças, adolescentes, mães, idosos, etc. Fica todo mundo pra lá e pra cá desesperado por figurinha. O lugar vira uma espécie de cracolândia dos cromos.

“Ah, mas eu acho um absurdo gastar dinheiro com figurinha”. Diz o cara que gasta R$ 11,00 num maço de cigarros. É uma questão de escolhas. Você pode abrir um pacotinho de figurinhas e achar o Cristiano Ronaldo, ou você pode abrir um maço de cigarros e achar um enfisema pulmonar.

Na banca sempre aparecem os adultos que tem vergonha de dizer que colecionam.

– Moço, me vê vinte pacotinhos.
– Ok.
– Não é pra mim, é para o meu filho.
– Ta bom.
– Sério mesmo, eu não curto essas besteiras.
– Tudo bem.
– Eu compro porque ele gosta dessas coisas.
– Ja entendi.
– Moço, meu filho também quer saber se você tem pra trocar.

Tem também o pai que compra para o filho mas não deixa a criança colar.

– Pai, deixa eu colar uma.
– Não!
– Por favor
.
– Você não sabe colar.
– Sei sim, só uma.
– Ta bom, mas só uma.
…..
– Olha aí, falei, toda torta, moleque burro do caramba.
– Desculpa, pai.
– E eu nem sou seu pai, sai daqui.

Eu que tenho TOC fico puto com quem cola torto. A pessoa não tem o mínimo de respeito com o álbum. Tem que ter cuidado, principalmente com a do Neymar porque se colar de qualquer jeito é capaz dele cair e sair rolando.

Todo mundo sabe que quando falta um jogador do Japão ou da Coréia a gente sempre da um migué e cola repetida porque sabe que ninguém vai reparar. Jogador oriental é foda porque na hora de trocar a gente nunca sabe se já tem ou não.

E esse ano tem as tais figurinhas especiais. Inclusive tem gente vendendo algumas por mais de R$ 10.000. É muito absurdo. Dependendo do jogador da pra você compra-lo por esse valor.

– Beleza, Thiago Silva, você agora é meu, lava minha louça.

DIÁRIO DOS NOVOS TEMPOS

Uma história que aconteceu hoje (mas poderia ter sido outro dia).

Gente (todo tipo de pessoa, independente de cor, classe social, nacionalidade, opção sexual, etc.), hoje fui a uma hamburgueria (com todo respeito aos veganos) e comi (com todo respeito a quem passa por necessidades) um lanche (respeitando sempre quem prefere outras comidas como pizza, sushi, massas, etc.).

Na mesa ao lado (porém não muito perto, respeitando o distanciamento social) vi (com todo respeito aos deficientes visuais) um rapaz magro (com todo respeito a quem está acima do peso) e cabeludo (com toda solidariedade aos que sofrem de calvície) que não me parecia estranho. Percebi que era amigo (respeito quem não tem) que há muito tempo não via.

Conversamos (sem desmerecer os mudos ou quem tem algum tipo de problemas na fala) por um bom tempo (respeitando quem não tem tempo e está sempre na correria do dia a dia) e foi muito legal relembrar histórias engraçadas da nossa infância que graças a Deus (com respeito a todas as religiões ou a quem não acredita em Deus) foi muito feliz (tendo total empatia e solidariedade a quem sofreu bullying, agressões, preconceitos e outras atitudes que não tornaram essa infância feliz).

Ele me contou que estava muito feliz e iria se casar (respeito quem é contra o matrimônio) com uma mulher (mas poderia ser um homem, nada contra) incrível (respeito quem não é uma mulher incrível, está tudo bem, ninguém pode ser perfeito o tempo todo). Contei algumas histórias do tempo da faculdade (com todo respeito a quem não teve a oportunidade de estudar) e foi muito divertido.

No final, nos cumprimentamos (mas tendo total empatia a quem não tem os membros superiores) e marcamos de ir com outros amigos de infância a um pub de rock (respeitando todos os outros gêneros musicais).

Voltei para o trabalho (com todo respeito a quem está desempregado) enquanto o Victor foi buscar seu cachorro (com todo respeito a quem prefere gato, peixe, tartaruga, etc.) que estava tomando banho (com todo respeito ao Cascão ou outras pessoas que não curtem) no pet shop (respeito quem prefere dar banho em casa) ao lado.

Foi um grande dia (que poderia ser noite sem problema algum).

Peço desculpas a todos que por algum motivo não conseguiram ler esse texto (respeito quem apenas não quis).

Abraço a todos (mas só pra quem quiser o abraço, quem não quiser não precisa, respeito total)

LIBERAÇÃO DAS MÁSCARAS

Enfim o uso obrigatório das máscaras foi liberado em São Paulo, diferente do Rio de Janeiro onde o uso obrigatório nunca existiu. “Nossa, eu não aguentava mais usar máscaras”, disse a pessoa que passou dois anos com a máscara protegendo o queixo.

Já andei vendo gente que:

14h: Postando “Prefeito genocida” nas redes sociais.

23h: Postando foto sem máscara na balada com os amigos.

Na minha opinião que ninguém pediu, cada um sabe de si. Não adianta ficar bravo com quem está sem máscara em local público e aberto e ser conivente com alguém que usa pochete transversal em plena luz do dia, pra todo mundo ver.

Agora no supermercado percebi que está rolando um grande julgamento visual entre pessoas com máscaras X pessoas sem máscaras. “Ah, tem que usar máscara sim”. Entendo, mas também é fácil falar quando você é feio ou tem baixa autoestima.

E não é porque liberou o uso de máscaras que a gente tem que deixar de usar.  Eu por exemplo uso sempre, só tiro em emergências como espirrar ou tossir. Aliás. eu não posso deixar de usar máscara pois adquiri o habito de fazer careta para as pessoas sem mudar a expressão dos olhos.

Nas universidades federais os alunos ainda estão mantendo o uso das máscaras, só tiram pra comer ou fumar maconha.

O ruim é que a gente nesses dois anos de pandemia se acostumou com a rotina das máscaras e agora tem que voltar aos antigos hábitos do dia a dia como por exemplo, escovar os dentes todos os dias.

Antigamente a lotação dos hospitais se dava por conta dos altos casos de COVID. Hoje em dia, após a liberação das máscaras, os hospitais continuam lotados, mas agora de pessoas realizando a cirurgia de correção de orelhas.

GASOLINA OSTENTAÇÃO

E agora tivemos mais um aumento da gasolina. Ontem vi o litro por R$ 6,99, mas acho que o preço mais justo seria R$ 6,66 que é o numero da besta, no caso, o brasileiro.

A gasolina está tão cara que é preciso ganhar na mega sena pra conseguir virar uber.

É muito triste você gastar R$ 400,00 pra abastecer um Pálio.

Antigamente ostentação era tirar foto de um prato caro, champanhe que pisca, praias paradisíacas. Hoje em dia ostentação é tirar foto do tanque cheio, ou fazer check in no posto Ipiranga.

Se eu fosse um sequestrador esperaria minhas vítimas num posto com gasolina a R$ 7,99. Se parou ali é porque tem muito dinheiro. Pensando bem, em contrapartida se a pessoa encher o tanque pode ser que não sobre nada para um possível resgate.

A gasolina está tão cara que a distância limite do meu Tinder é 500 metros.

E no sexo…

– Amor, fala uma sacanagem no meu ouvido.
– Gasolina R$ 7,99.

O famoso “estou só dando uma olhadinha” do shopping, agora está sendo dito no posto:

– Vai abastecer, senhor?
– Não, estou só dando uma olhadinha.

Ou o famoso, “na volta a gente compra”:

– Pai, vamos abastecer o carro?
– Na volta a gente abastece.

Agora ao invés de ducha grátis pra quem enche o tanque, tão oferecendo um jantar no Paris 6.

A gasolina está tão cara que se a gente põe R$ 50,00 o frentista responde: “Obrigado, até amanhã”. De tanto ir no posto a gente acaba ficando amigo dos frentistas. Em duas semanas a gente já estava se chamando por apelidos, mostrando fotos da família, marcando um futebol.

– Débito ou crédito, senhora?
– Lagrimas.

No Big Brother o Douglas Silva venceu uma prova e ganhou um carro. Ele só ficou feliz porque está confinado e ainda não sabe do preço da gasolina.

Quando o Frejat diz na musica “Por Você”, que iria a pé do Rio a Salvador, não é porque ele é romântico não, é por causa do preço da gasolina. Aliás, por falar em romance, quem gosta de ouvir “eu te amo” é adolescente, adulto gosta de ouvir “eu te levo”.

COPO STANLEY

As praias nesse fim de ano se resumiram em duas coisas, pessoas insuportáveis portando uma caixa de som da JBL e pessoas com o copo Stanley (e as vezes eram as mesmas). O portador do copo Stanley não consegue ficar de boa, ele tem que ficar 24 horas por dia falando nisso.

– Se liga, Marcão, copo Stanley.
– Show.
– A cerveja não esquenta nem a pau.
– To ligado.
– Sério, da pra tomar de boa que não esquenta.
– Legal.
– Faz meia hora que estou com a cerveja no copo e ainda ta gelada.
– Já entendi.
– Pelo amor de Deus, Marcão, me elogia, eu tenho um copo Stanley.

O chato do copo Stanley faz questão de ficar três horas com a mesma cerveja só pra provar que ela não esquenta. Aliás é o que todo mundo fala: “O copo mantém a cerveja gelada por até quatro horas”. Meu amigo, se você fica mais de 20 minutos com a mesma cerveja no copo, você está bebendo muito errado. Vai beber ou criar peixe nesse negócio?

O copo Stanley custa em média R$ 200, mas na praia tinha gente vendendo por R$ 50. Com certeza o copo era original, inclusive acho que é o próprio Sr. Stanley que sai por ai vendendo debaixo de sol, junto com queijo coalho e vestido de Pikachu. Por R$ 50 deveria se chamar copo Stranhey.

Eu acho o preço um absurdo. Por R$ 200 o copo teria que, no mínimo buscar a cerveja pra mim e ainda lavar a louça. Por R$ 200 teria que vir com bluetooth e pay-per-view essa merda.

É muita frescura. Na compra de um copo Stanley você recebe automaticamente uma pochete transversal, uma raquete de beach tênis e um Lulu da Pomerânia.

O pessoal vai gourmetizando as coisas pra ganhar dinheiro e acabam ferrando outras pessoas. Três exemplos:

1- O Corote. O Corote era bebida de mendigo, eles tomavam porque custava R$ 1 real. Aí virou modinha entre os jovens e agora custa R$ 5. Os mendigos tão putasso.

2- O Chapéu de Palha. Os caipiras da roça pagavam R$ 5 no chapéu. Aí gourmetizaram e agora ele custa R$ 150.

3- O copo Stanley. Agora é a vez das avós ficarem pistola. Aquele copo de alumínio que só tem em casa de vó custava R$ 3,00. Aí sabe o que aconteceu? O Sr. Stanley nasceu e uns 40 anos depois o copo de alumínio passou a custar R$ 200.

A vantagem do copo Stanley é que você pode tomar Itaipava nele sem constrangimento e sem as pessoas perceberem. Aliás depois de gastar essa grana toda num copo, comprar Itaipava pode ser a única opção possível.

ROUND 6

A NetFlix pegou os uniformes que sobraram de “La Casa de Papel” e lançou a série “Round 6” e foi simplesmente alugado um tríplex na minha cabeça porque o negócio é louco. O oriental das duas, uma. Ou ele é muito educado e quieto ou é um completo maluco.

Pra quem não está acompanhando, a série é sobre convidar pessoas ferradas na vida para participarem de provas infantis e sofrerem humilhações em troca de dinheiro. Aqui no Brasil é conhecido como Caldeirão do Huck.

É fácil fazer série coreana porque todos os personagens são iguais e não precisa contratar muita gente. As vezes dava a impressão de que um mesmo ator morreu mais de três vezes.

Round 6 é tipo um Big Brother com emoção. Todos começam amigos, aí vão passando por provas, formando os grupos, duplas, até que no final, fique um querendo matar o outro. Com a diferença de que no BBB, infelizmente todos saem vivos, cancelados, mas vivos.

O velho da série tem muito a vibe do brasileiro. Ta todo ferrado e mesmo assim passa o dia todo sorrindo. Parece 90% do meu (e com certeza do seu) Instagram.

Fico imaginando se as 6 provas fossem no Brasil. Valendo 50 milhões de reais ou a morte.

PROVA 1: Em São Paulo. Os participantes devem comparecer a três compromissos no mesmo dia, em três bairros diferentes e sem atrasos.

PROVA 2: Os candidatos deverão ficar 3 minutos na posição de prancha. Lembrando que o relógio na posição de prancha tem um tempo completamente diferente de quando você está, por exemplo, sentado.

PROVA 3: O Crossfiteiro, o vegano e o ateu: Os candidatos devem passar 30 minutos trancados numa sala sem falar sobre esses assuntos.

PROVA 4: O discurso do Bolsonaro. Todos os participantes em frente a um telão. O presidente falaria por apenas 5 minutos. A pessoa que concordar com ele morre. Caso ele fale alguma bobagem, todos morrem.

PROVA 5: Prova do Uber. Os participantes devem pedir um Uber para um destino de até 5 km sem que o motorista cancele a corrida.

PROVA 6: Cancelar a NET: Os participantes tem 4 horas para tentar cancelar a NET. O pior é que é capaz da pessoa morrer, mas antes assinar algum pacote de pay per view empurrado pelo atendente.

E aí, você se arriscaria em alguma?

ONDE ESTÁ O LÁZARO?

Quem acompanha o noticiário está sabendo da noticia daquele homem de Brasília que matou uma galera por aí. Mas eu não estou aqui pra falar do Bolsonaro, estou aqui pra falar do Lázaro.

Tem um serial killer solto por aí e como de costume o brasileiro está fazendo o que? Memes, é claro. Eu por exemplo temo pela minha vida, mas vamos lá.

O Lázaro fugiu, invadiu uma fazenda, caçou a própria comida, cozinhou, lavou a louça, varreu a casa, passou pano, construiu um carro e foi embora. O Lázaro é o Rodrigo Hilbert dos serial killers.

Aliás essa não foi a única. O Lázaro nos últimos dias ja invadiu mais casas que o Boulos.

Hoje fiquei sabendo que o Lázaro é casado e tem dois filhos pequenos. Depois desta informação eu até entendo o motivo da fuga.

Dias atrás saiu uma noticia de que o Lázaro corre risco de vida. Mas é claro que corre. O cara é casado e faz 15 dias que não da satisfação. É mais seguro ele ir pra cadeia do que voltar pra casa.

Segundo a polícia, o serial killer está se alimentando apenas de folhas e frutas. Deus me livre, é melhor ir pra cadeia do que virar vegano. É capaz da Bela Gil levar ele pra casa.

Aí outro serial killer, o Pedrinho Matador, disse que vai pegar o Lázaro. Era só o que faltava no Brasil, a rinha de serial killers.

Circulou pela internet uma foto do Lula segurando uma faixa pró Lazaro, mas é obvio que a foto é falsa. Se a imagem fosse verdadeira estaria escrito “Inossente”.

O pior é que tem um monte de policial na busca e ninguem consegue achar o cara. O Lázaro é tipo um pónto G humano.

Eu imagino uma mãe ligando para o filho policial:

Alô, filho?
– Oi mãe.
– Onde você está?
To na mata procurando o Lázaro.
Ainda? Você procurou direito?
Procurei, mãe.
Ele ta aí, procura direito que você acha.
Não tá, ja procurei.
– Se eu for até aí e achar…

Agora para pra pensar, e se o Lázaro pegou covid e achou melhor se isolar na mata por 15 dias pra evitar contaminar alguem? E se for um serial killer com consciencia social?

A galera julga demais.

POEIRA PÓS REFORMA

Estava eu de boa em casa durante a pandemia quando pensei, “foda-se, vou reformar o banheiro”. Está tudo muito bom, estou feliz, estou em paz, isso não é normal, preciso me estressar um pouco.

Na real pensei que, por se tratar de um reforma de banheiro, não iria sujar tanto, o banheiro é pequeno e eu assisto “irmãos a obra”, lá não tem tanta sujeira.

O problema da reforma é o pó, e não importa o tamanho dela, vai cagar a casa toda por mais que você tome o maior cuidado do mundo. No primeiro dia de reforma parecia que eu estava morando nos escombros da tragédia no World Trade Center.

Olhando pra poeira eu acho que está mais fácil reconstruir Tokyo depois de um terremoto do que limpar um apartamento de 75 metros quadrados.

O pó da reforma é igual ao glitter no carnaval. Por mais que limpe, seis meses depois você ainda vai achar alguns resquícios dele.

Sabe quando você abre a janela durante 3 segundos e 87 pernilongos invadem a sua casa? Então, a poeira é igualmente desgraçada. A porta do meu quarto estava fechada, abri, entrei e fechei em menos de 2 segundos. Pronto, parecia que eu estava no meio da faixa de Gaza. Da a impressão que a poeira fica escondida só esperando:

“Olha lá galera, fiquem espertos, o otário vai abrir a porta”.

Tem tanto pó na minha casa que daria para todo o elenco da Globo fazer uma baita festa aqui. O que eu chamo de “casa cheia de pó” eles chamam de “camarim”.

Cinco minutos dentro de casa e já fiquei com a boca seca. Teve uma hora que fui cuspir e saiu um pedaço de porcelanato. E por causa do calor, fiquei sem camiseta. Cinco minutos depois parecia que eu estava usando um pulôver.

Agora imagina, eu tenho rinite. Se já estava ruim sair na rua usando mascara, imagina agora que tenho que usar dentro de casa também.

Acho incrível que até na cozinha tem sujeira. Alias, hoje vou aproveitar para experimentar um prato novo. Macarrão ao molho poeira.

PROJEÇÃO ASTRAL

Esses dias comentei com um amigo sobre minha paralisia do sono e ele me indicou fazer uma projeção astral. O curioso é que durante a pandemia eu não tive a paralisia, ou seja, até o demônio anda respeitando o isolamento social e você aí fazendo festinha.

Projeção (ou viagem) astral é uma técnica que faz você ter a sensação de sair do corpo durante o sono. Algumas pessoas conseguem fazer isso acordadas, logo depois de bater o dedinho na quina de um móvel.

Eu tenho um baita cagaço de fazer essas coisas, mas tenho vontade de sair um pouco de mim mesmo porque tem dias que nem eu me aguento. O problema é que a gente precisa de concentração e isso é uma coisa que eu não tenho. Vou tentar me concentrar e dois minutos depois vou estar vendo vídeos de gente caindo, no youtube.

Agora se você é maconheiro e está pensando, “eu já fiz essa técnica de viagem astral”, sinto lhe dizer mas o que você fez foi outra coisa.

Seria uma baita vantagem se a gente pudesse sair do corpo para trabalhar ou fazer uma faxina na casa, enquanto o corpo fica lá deitadão, de boa. Ou você acorda de manhã e seu café já está na mesa.

É muito perigoso pra quem mora no Brasil fazer esse tipo de experiência. O país está uma droga, se o brasileiro sai ele vai lá pra Europa e não volta mais. Outro problema é que o brasileiro é preguiçoso, certeza que a maioria vai pensar: “Vou ficar vagando por aí, se eu voltar pro meu corpo terei que ir trabalhar”.

Outro problema. Você sair do corpo dez minutinhos pra dar uma volta pelo bairro e quando volta, da de cara com a família do Guilherme Boulos morando na sua casa.

Imagina pra quem é casado. Você sai do corpo cinco minutos e quando volta encontra sua mulher sentada na cama, de braços cruzados, puta da vida: “Foi lá na casa daquela vagabunda, né, Marcio?”.

Li alguns depoimentos e em um deles um rapaz na maior empolgação disse que saiu do corpo e foi até a casa de seus pais que fica a 2 km de distância. Confesso que não entendi a empolgação, sendo que dava pra ele ter feito isso sem sair do corpo.

Em outro depoimento, uma moça alegou ter saído do corpo e em uma dessas viagens pelas ruas, se deparou com algumas criaturas estranhas, o que a deixou com um certo medo. Eu tenho certeza que ela estava em Diadema.

PROGRAMA AEROPORTO

Aeroporto é o melhor programa que existe mas vocês talvez não estejam preparados para essa conversa. Ou talvez estejam, porque é o melhor mesmo.

O programa é basicamente sobre a policia federal apreendendo drogas, objetos furtados e passaportes falsos dentro do aeroporto. Só que o programa está mais para a comédia do que para a investigação.

Tem uns de passaportes falsos que são geniais. O cara praticamente faz o passaporte em casa e acha que vai passar fácil na imigração. Nem na rua da casa dele ele entra com isso.

Quem acompanha sabe que a a principal frase do programa é: “Nós vamos pegar essa substancia encontrada na sua mala e misturar no narcoteste, se a cor ficar azul, é positivo para cocaína”. (momentos de tensão)

Tem uma galera que é muito sem noção das coisas. Uma vez encontraram uma mala e suspeitaram pois nela havia apenas 2 cuecas e 8 bichinhos de pelúcia.

– Você vai ficar quanto tempo na Itália?
– Uma semana.
– E você trouxe na mala 2 cuecas e 8 bichinhos de pelúcia que aliás, estão bem acima do peso.

– São para os meus sobrinhos.

Que crianças crossfitêras são essas que vão brincar com pelúcias que pesam quase 5 kg?

Outro tipo de gente sem noção:

– Achamos 3 kg de cocaína na sua mala.
– Mas a droga não é minha.
– Não?
– Não, uma pessoa me pagou 5 mil euros para eu levar isso.
– E você aceitou?
– Sim, porque eu não sabia que era droga.

Essa desculpa é muito boa. Que tipo de pessoa pagaria 5 mil euros a um desconhecido para embarcar algo que não fosse droga.

“Você pode levar esse café pra uma tia minha? O café custa 5 euros mas eu vou te pagar 5 mil pra levar porque hoje estou de bom humor”

O melhor do programa são os diálogos. No programa Aeroporto, em Roma, tem um tiozão da policia federal que é meu ídolo.

– Você vai ficar quanto tempo na Espanha?
– Quatro dias.
– Nós encontramos 5 kg de cocaína na sua mala. Você está preso por tráfico de drogas.
– Não sou traficante, é pra uso pessoal.
– Você iria usar 5 kg de cocaína em quatro dias?
– Sim.
– Belo nariz.

Outra…

– Tem cocaína na sua mala. Você está preso.
– Desculpa, não vou mais fazer isso.
– Ah, por pelo menos 15, 20 anos não vai fazer mesmo.

Outra…

– A senhora vai ficar quanto tempo em Portugal?
– Cinco dias.
– Senhora, tem mais de 10 shampoos na sua mala.
– Sim, e daí?
– Nada, a senhora deve ser bem higiênica.

Mas os traficantes também tem umas boas respostas:

– Ta indo pra onde?
– Para o Equador.
– Está vendo esse mapa?
– Sim.
– Aponta pra mim onde fica o equador.
– Eu não sei.
– Você está indo para um lugar que nem sabe onde é?
– Mas quem tem que saber é o piloto.

Tem outros diálogos muito bons:

– O que veio fazer em Paris?
– Vim a trabalho.
– Em que hotel você vai ficar?
– Não sei.
– Qual o bairro?
– Um bairro de Paris.

—-

– Senhor, encontramos 3 kg de cocaína na sua mala.
– Ta bom, pode levar, eu não quero.

—-

Eu gosto quando as pessoas vão mudando as versões conforme são apertadas pela polícia.

– De quem são essas joias na sua mala?
– São minhas.
– Você comprou?
– Sim.
– Eu preciso ver a nota.
– Não tenho, minha prima me deu.
– Então nos vamos ter que ligar pra ela.
– Eu achei.

—-

– Essa mala é sua?
– Sim, senhor.
– Achamos cocaína nela.
– Essa mala não é minha.

—-

– Essa mala é sua?
– Sim, senhor.
– Tem cocaína nela.
– Mas não fui eu que fiz a mala.
– Então quem foi?
– Não sei.
– Você está me dizendo que um desconhecido fez a sua mala.
– Isso.

“Oi desconhecido, estou indo viajar, será que você poderia fazer a minha mala? Coloca aí o que você acha que eu devo levar”.

—-

– Senhor, vamos ter que rasgar a sua mala.
– Mas vai estragar.
– Senhor, esse é o procedimento.
– Então tá, mas vocês vão ter que pagar a mala.
(silêncio)
– Encontramos cocaína. Você está preso.
– Tá, mas quem é que vai pagar minha mala?

—-

– Achamos um pó branco e vamos fazer o teste.
– Tudo bem.
– Encontramos um pó branco. Isso é cocaína?
– Não sei, eu não conheço cocaína.

—-

– Achamos cocaína na sua mala. Você está preso.
– Por que?

—-

– Esses sapatos são seus?
– Sim.
– Encontramos cocaína dentro da sola.
– Deve ter vindo assim da loja.

—-

– Senhor, tire a camisa, por favor.
– Ta bom.
– Tem uns pacotes colados na sua camisa.
– Essa camisa eu ganhei.
– E você não percebeu nada de diferente?
– Não.
– Senhor, você está me dizendo que não percebeu que haviam 4 kg de cocaína presos na sua camisa?
– Não percebi.

Teve um coreano suspeito que desembarcou em São Paulo e usou a pior desculpa possível para justificar a visita.

– Veio fazer o que em São Paulo?
– Vim relaxar.

Mas quem é que vem relaxar em São Paulo? Ele poderia ter dito que veio pegar trânsito, tomar chuva, passar nervoso, sei lá.

Tem também os que engolem as drogas e são pegos no raio x. Deve ser ótimo pra policia fazer o cara evacuar e depois ficar mexendo ali pra ver se saiu tudo.

Uma vez pegaram um cara tão gordo que parecia que a Colômbia toda tava dentro dele. Era perigoso ele defecar e sair o Pablo Escobar.

Além das drogas, eles também pegam a galera que rouba no free shop ou em outras lojas do aeroporto.

– O senhor pode abrir a sua mala?
– Por que?
– Vimos que o senhor pegou um produto e não pagou.
– Mas eu vou pagar.

(o cara já tava quase dentro do avião)

SETE

Jeferson, um carteiro de 22 anos, passava diariamente entregando correspondências por diversos bairros de São Paulo. Em um desses bairros chiques de classe alta, Jeferson se deparou com uma casa que encheu seus olhos. Era a casa dos seus sonhos.

Em frente a casa, havia um rapaz de aproximadamente 40 anos.

– Oi, você é o dono dessa casa?
– Sou sim, por que?
– Ela é muito bonita.

– Ah, valeu.
– Um dia terei uma tão bonita quanto a sua.

Com a maior soberba do mundo e com certa arrogância, o dono da casa deu uma risadinha, mediu Jeferson da cabeça aos pés e respondeu:

– Impossível, cara. Essa casa custa 7 milhões de reais.

Entrou para a residência e fechou a porta.

Jeferson continuou seu trabalho e foi embora com aquele numero na cabeça. Sete, sete, sete. E aquilo o atormentou durante muito tempo. Pensava na casa, pensava no numero, pensava na casa, pensava no numero.

Curiosamente, 7 anos depois, no dia 07/07/2007, Jeferson, que não era mais um carteiro, voltou com uma maleta na mão a casa daquele homem e tocou a campainha.

– Pois não?
– Oi, você se lembra de mim?
– Desculpe, não estou lembrado.
– Meu nome é Jeferson, eu era carteiro e há 7 anos disse que um dia teria uma casa tão bonita quanto a sua.
– Ah, agora me lembrei.
– O senhor também se lembra de ter dito que isso seria impossível, pois se tratava de uma casa de 7 milhões?
– Sim, me lembro.

Jeferson, respirou fundo e disse:

– Pois é, você tinha razão. Casa cara do caralho!

NOVA CÉDULA DE R$ 200

O banco central anunciou nesta quarta feira o lançamento da cédula de R$ 200,00. Aí eu te pergunto, pra que? Os caras não tem troco pra cem, imagina pra duzentos.

Oi moço, troca duzentos reais?
Não tenho trocado.
– Beleza, então me vê esse chocolate de R$ 3,50.

Quem nunca?

Os fabricantes de balinhas vão ter que triplicar a fabricação para que os comerciantes possam ter troco.

Acho que fizeram as notas de duzentos reais pra diminuir o volume na hora de esconder as notas na cueca dos políticos. Deve ser por isso que eles colocam dólar na cueca. Umas dez notas já da quase 1 milhão de reais.

O animal escolhido para estampar as notas, foi o lobo-guará. O que faz sentido pois o lobo-guará é uma coisa rara da gente ver, assim como serão as notas de duzentos.

E acho que o animal certo para estampar as notas teria que ser o cachorro Caramelo. O cachorro Caramelo é um patrimônio nacional. Em cada esquina a gente se encontra com um.

E digo mais, poderiam mudar a moeda de Real para Caramelo.

– Quanto custa isso?
– 80 Caramelos.

Fizeram também um modelo de nota com o rosto do(a) Pabllo Vittar.

Agora resta saber se vão chamar de “A” nota ou “O” nota.

Outro modelo de nota foi esse do Bolsonaro com a Ema.

Mas infelizmente a Ema teve que ficar de fora pois só é permitido apenas um animal na nota.

VACINA

A gente tem um certo trauma com vacina, né? Tudo por conta dos nossos pais que para enganar a gente, diziam que era só um passeio. E quando chegava no posto de saúde a gente ainda tinha a esperança da vacina ser via oral, até a enfermeira tirar uma agulha de três metros da gaveta e te olhar com um sorriso macabro (isso não acontecia mas eu sempre imaginava),

Hoje em dia a gente faz o mesmo com o cachorro quando ele precisa ir tomar banho.

EUA, Russia e China estão adiantados na vacina da COVID-19. O Brasil fazendo a sua parte, já está adiantado na produção de memes caso isso aconteça.

O lançamento da vacina vai ser um baita evento histórico.
Eu não tenho roupa boa pra ir tomar a vacina.

Agora as pessoas estão na duvida sobra qual vacina tomar. Na boa, por mim tanto faz. Na duvida aplica umas três de cada.  Aceito até a de Diadema.

Acho que eu iria até num rodízio de vacinas se fosse possível.

– Aceita essa de Oxford, senhor?
– Aceito!
– E pra beber?
– Vodka com Cloroquina, por favor.

Eu to achando que a escolha da vacina vai ser tipo eleição. Cada um vai ter a vacina de sua preferência e depois se der errado, vão criticar, tipo:

“Brasileiro não sabe escolher vacina”, “Eu avisei”, “Burro”.

Vocês com certeza ja ouviram a pergunta: “Qual vai ser a primeira coisa que você vai fazer depois de tomar a vacina?”

Ja ouvi uns mais comúns, como por exemplo:

“Vou viajar” ou “Voltar a trabalhar” ou “Vou ver minha família”.

Aí numa dessas reportagens teve uma menina que respondeu:

“Ah, eu vou sair pela rua gritando que nem louca”.

Não deu pra ver a cara do repórter pois ele estava de máscara, mas eu tenho certeza que assim como eu, ele pensou:

“Nossa, mas você é idiota? Porque não faz sentido algum”.

A vacina Russa vai ser aplicada no bar.
Deve dar uma certa ressaca, mas tudo bem.

Os chineses garantem que a vacina é 100% segura, assim como os tênis da “Mike” que eles fabricam. Na vacina da China vem de brinde um pendrive de 32 Gb.

E já vi gente preocupada sem saber se a vacina vai ser no braço  ou na bunda. Não sei vocês mas eu to tão de saco cheio da pandemia que por mim, poderia ser até no olho.

PIZZA DO SUBWAY

Estão rolando por ai algumas matérias e comentários negativos sobre as pizzas que a rede subway está produzindo. Na boa, uma pessoa que pede pizza do subway já entregou a vida pra Deus ha muito tempo. É claramente uma pessoa com sérios problemas psicológicos e que já não tem mais qualquer tipo de ambição na vida.

Eu confesso que não sabia que o subway fazia pizzas, e depois de ver essas imagens eu entendi porque eles não divulgavam isso.

Parece que as duas pizzas tiveram um desentendimento e saíram na porrada.

Sabe quando te oferecem o cartão da C&A e você aceita, ai o funcionário não sabe o que fazer porque aquilo nunca aconteceu antes? Então, acho que acontece a mesma coisa com as pizzas do subway. O cara abre o pedido e vê escrito “pizza”, ele não sabe o que fazer.

O funcionário que fez a pizza deve ter pensando: “Ah, quer saber, 2020 já ta uma merda, o cliente nem vai reclamar”. O isolamento social deixa todo mundo triste, inclusive a pizza. Quem nunca acordou se sentindo uma pizza do subway.

Se a pizza do subway fosse um ser humano, ela seria o Serveró.
Se fosse um programa de TV, seria o “esquenta”, da Regina Casé.
Se fosse uma emissora, seria a RedeTV.
Se fosse um ano, seria 2020.

Eu poderia passar horas dando exemplos mas acho que ja deu pra entender.

A pizza ta horrível mas eu tenho certeza que algum carioca viu e pensou: “Ah, mas se colocar ketchup da pra comer”.

Parece que o entregador pegou a moto, deu dez voltas no globo da morte, pegou seis ruas de paralelepípedo, varou sete lombadas, pegou um buraco, caiu da moto, recolheu a pizza do chão e deu três tapas nela pra tirar a sujeira antes de entregar.

Sabe quando você deixa seus filhos, sobrinhos ou crianças em geral brincarem de fazer comidinhas? Elas vão lá e jogam farinha, azeitona, chocolate, mostarda e fazem uma puta zona. Aí você tem que fingir que comeu e gostou? O resultado é mais ou menos parecido.

Aí teve gente que comentou: “Nossa, mas no flyer a imagem da pizza é tão bonita”. Meu amigo, foto de cardápio é igual foto do Tinder, só se poe as melhores. As fotos de cardápio são as fotos que você posta no seu instagram. O lanche que você recebe são as fotos que seus amigos te marcam.

A pizza do subway é tão ruim que as esfihas do habibs ficaram constrangidas.

VELÓRIO

Aproveitando a época de COVID-19 para falar de um assunto comum nos dias de hoje. O velório. Porque na vida eu aprendi que a gente tem que rir até chegar a hora de chorar.

Sempre tem os que…

Você vai no velório de fulano?
– Não vou. Não gosto de velório.

Mas quem é que gosta de velórios? Quem é que acorda e “Uhuul, velório”. A Sônia Abrão, talvez. Se bem que ela não frequenta, ela apenas os narra. A Sônia Abrão é o Galvão Bueno da tragédia. Se bem que o Galvão narrou o 7×1.

A gente só vai em velório se o falecido ou o parente que ficou for muito querido, ou se a gente quer faltar no trabalho. Tem gente que torce pra ter um velório porque já usou a desculpa da conjuntivite na semana passada.

Eu nunca sei o que dizer, além de “meus sentimentos”. Certa vez uma amiga disse que gostava de dizer coisa que ninguém diz. Fiquei imaginando ela abraçar a pessoa e dizer, sei lá… “batata”.

Todo velório tem aquelas frases tradicionais:

“Pra morrer basta estar vivo”.
É, pra falar besteira, também.

“O bom é que descansou”.
Acho que uma boa noite de sono ja resolvia.

“Poxa, encontrei com ele na semana passada”.
O problema vai ser se você encontra-lo na semana que vem.

E tem a frase que eu mais gosto que é a:

“Olha só, parece que está dormindo”.
Mas como assim? Quem é que dorme de terno, barriga pra cima, com as duas mãos no peito, pálido e com algodão no nariz?

E tem aquela frase que 90% das pessoas vem te dizer quando você é o parente próximo do falecido:

Se precisar de qualquer coisa, me avisa.
– Qualquer coisa?
– Sim.
– Beleza, da uma cambalhota.

Todo velório tem aquela pessoa que fica um tempão na frente do caixão. A gente acha que ela está rezando mas ela ta pensando em uma desculpa pra ir embora, pois achou que teria comida e não tem nem uma bolachinha.

Gosto de velórios de gente famosa por causa dos populares que não fazem a minima ideia de quem seja o homenageado, mas fazem questão de estar presente.

– Você era fã do Paulo Henrique Amorim?
Era muito. Tenho todos os discos dele.

E quando a imprensa é proibida de entrar, sempre tem o repórter que cursou 5 anos de jornalismo pra fazer a pergunta: “Como é que está o clima lá dentro?”

Eu não tenho maturidade pra velório. O meu negócio no velório é tentar adivinhar quem é o próximo. Aliás, poderiam fazer igual fazem nos casamentos. O parente mais próximo do morto joga uma coroa de flores para trás e quem pegar é o próximo.